terça-feira, 21 de setembro de 2010

The "happy" end.

Ninguém no círculo.


Ninguém mais.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A minha concepção do amor.

Convocaria todas as pessoas que mantenho qualquer relação afetiva,profissional,familiar, para formarem um grande círculo.
No meio desse grande círculo estaria ali eu, travestida dos meus esteriótipos,acompanhada dos meus vícios.
E tudo isso no mais completo silêncio.
Num primeiro momento a reação das pessoas a minha volta seria de curiosidade, interesse.Ali estaria a figura representada do que todo mundo acha que eu sou, de todas aquelas máscaras que criei,de forma inconsciente, pra estar perto de todas aquelas pessoas e de certa forma transmitir credibilidade as mesmas.
NUm primeiro momento,apagaria meu cigarro.só um trago,na forma de despedida e o apagaria. Daí então daria o meu último gole,naquela bebida que gostava tanto.e derramaria no chão o resto daquele delicioso líquido,que fez parte de tantos momentos da minha vida. Da minha construção.
Olharia em volta,porque afinal estou ali pra ver a forma que as pessoas reagiriam frente as minhas atitudes. Percebo que algumas,bem proximas de mim já se afastavam devagar.
Já sobre um banquinho me olharia no espelho. Acariciaca meu rosto,num sorriso de carinho,olhando pra mim tentando descobrir o que ainda resta de tudo aquilo que construi.de tudo aquilo que talvez um dia fui. Com uma bacia dagua, com um algodão,limparia o meu rosto delicadamente,retirando ao mesmo tempo todos aqueles piercings e tatuagens ,num ritual sempre de despedida,com um pouquinho de pesar.. porque é tão difícil a gente se desfazer de certas máscaras...
Ahhh,..e os cabelos... ainda os observo frente ao espelho,e os acaricio com carinho,com cuidado.Chego a penteá-los.E subtamente ,jogo agua na minha cabeça, desfazendo todo aquele meu trabalho diário de secá-los,penteá-los pranchá-los.
Olho ao redor..os que se afastaram de repente já não estão presentes.Enquanto outros olham ao redor,procurando alguém que tomasse a iniciativa de partir,para que eles se encorajassem a fazer o mesmo.
Meus pais estão ali presentes, observando com uma naturalidade,ao mesmo tempo que abismados com a reação dos demais. Eles sim,me reconhecem com os meus olhos..
Olho então pras minhas roupas. Ah..aquelas roupas que me apeguei tanto.O meu melhor jeans,o meu melhor tênis, aquela minha blusa que comprei na liquidação de uma loja chiquérrima,modernete.Respiro fundo,mas confiante, tiro cada item,cada acessório-completamente em silêncio.
Ah entãocomeça uns burburinhos em volta. As pessoas me olham como se fosse uma estranha. E algumas não têm paciência praquele acesso de loucura e se viram de costas.Não faz sentido nenhum assistir aquilo. Parece que já não represento aquilo que eles esperavam. Eu não sou o que eles achavam,e sem olhar pra trás, eles se retiram..Meu Deus..alguns que julgava tão próximos de mim...mas o quê se trata não é realmente o julgamento?
E eu me despi. Estou nua. Finalmente me despi de todos os esteriótipos que me acompanharam durante a minha juventude.
Os meus pais me olhavam já de forma recriminadora. Alguns ainda possuiam olhos de encamentamento,não sei se pelo fato de estar nua ou pela atitude em si. Enfim,alguns ali ainda permaneciam,agora novamente em silêncio.
E eu resolvi então falar.Abrir meu coração e expor todas as minhas mentiras,as minhas calúnias,as minhas verdades. Com um olhar de carinho apontaria para cada um,como se houvessemos só nos dois naquele espaço e falaria tudo,tudo que fosse relacionado a nós dois. Até sobre as coisas que ferem,que machucam.
E após um acesso de sinceridade absoluta, eu começaria a girar e a girar, celebrando a honestidade do ser,o livre-arbítrio e a paz interior.
A medida que girava, via uma confusão de cores, e de repente se formou um branco.
Um pouco zonza ainda, olhava para todos os lados,e a surpresa ingrata foi que ninguém mais estava naquela roda. Nem os meus queridos pais.

Abismada,aliviada, numa mescla de sensações ,eu ficaria ali parada, olhando pro nada, já que era exatamente o nada que tinha me restado.
E ai,escuto passos. Passos vindos na minha direção,bem atrás de mim.
Uma pessoa,desconhecida, que não havia sido convidada,observava toda a cena de longe. E ele estava nú, assim como eu e me observava com carinho,com amor.
OLhando somente pros meus olhos, enquanto os dele lacrimejavam,acariciou meu rosto limpo,meus cabelos molhados e me disse, em meio aquele silêncio...
"Você é tudo que eu preciso.Tudo que eu sempre esperei."