sexta-feira, 12 de julho de 2013

Dazed and Confused

Não, eu não sou especialista em homens. Eu não sou um deles, tive poucos exemplares na essência, e jamais cogitei a hipótese de ser um.
Só admiro e observo.
E eu tento, juro que tento fisgar certos detalhes que extrapolam o senso comum. Além do futebol, além da admiração por bundas,peitos, além da busca incansável pela satisfação sexual, além dos carros,armas,tamanhos,quantidade...eu tento ir além.
Essência...se sou ou serei capaz de atingir o âmago da questão...no momento me foge...mas sou cercada por bons e distintos exemplares, e numa hora dessas, eu realmente gostaria de dar meu parecer.
Coincidentemente, escrevo escutando um som - coisa que sempre faço - e a primeira música  que toca é "Dazed and Confused" do Led. Han.... na tradução, atordoado e confuso, é como se fosse uma síntese de toda a minha percepção.
Assim como dita o som, o homem é demorado. Do homem emerge sons e notas demais, uma sensação literal de confusão - eles me causam isso.
Do pai ao amante, me escapa muitas vezes o que vem por trás. Acho que todos eles perdem muito tempo se escondendo atrás de todo esse senso comum. É mais fácil ser o pai, o dono, o pênis, o bêbado, o aventureiro, o sagaz, o másculo.O buraco (se posso ousar colocar a palavra, no meio de uma explanação que envolve a figura masculina), é muito mais embaixo.
Ei, incluo os gays nessa também. Eles mostram mais um pouquinho do buraco embaixo, mas essa essência, continua no mistério. Gays, assim como os héteros, precisam ser os donos de si mesmos, e ainda assim se escondem atrás de um pênis, de um dono, de um certo padrão comportamental aventureiro, sagaz.
Homens...
Se eu os entendesse,não escreveria sobre eles - os leria,simplesmente. Mas escrevo, porque de certa forma quero conclui-los, sabendo que nunca hei de chegar no x da questão.
(E a música continua tocando...sem ordem alguma)
Se eu os compreendesse, conquistaria todos eles. Quantas vezes dei o meu melhor, investi pesado em estratégias e em teorias que os fizessem meus – mas sempre me rendo, sempre me entrego.
...Assumo meus vícios.
E gosto do cheiro deles. Gosto da forma como que necessariamente eles possuem poucos artifícios pra serem de fato belos - se você dorme, acorda exatamente com o mesmo homem (talvez ainda melhor, em meio ao embaraço dos cabelos). Os caras são naturalmente bonitos, naturalmente toscos.
Eles peidam, arrotam e mesmo assim são interessantes, apaixonantes. A cueca aparece sempre de forma tão despretensiosamente estratégica, e a barba por fazer causa o efeito de uma saia curta na mulher.
Barriga estufada,falta de bunda, pêlos em lugares desnecessários, tudo ganha contexto e razão. Sou fã da imperfeição idiota e invejável que eles possuem.
Fugindo de tudo que é físico, os caras ainda vencem. Esse lance do pensamento mais racional, mais matemático e objetivo, me dá uma sensação de que nunca poderei alcançá-los.
O homem, ainda não querendo ser... é homem.


Eu gosto dos caras.
E gosto, e assumo isso com um certo pesar. Se eu for realista, as experiências ruins que eles me proporcionaram, é praticamente desproporcional às boas.
É bem maior.

Ainda não faço idéia (e se eu faço é ínfima) de quê eles de fato são feitos.
Por enquanto só atordoados e confusos – e os aceito e desejo,mesmo assim.

“Been dazed and confused for so long, it's not true
Wanted a woman, never bargained for you
Lots of people talking, few of them know
Soul of a woman was created below

You hurt and abuse, telling all of your lies
Run around sweet baby, Lord, how they hypnotize
Sweet little baby, I don't know where you've been
Gonna love you, baby, here I come again

Every day I work so hard, bringing home my hard earned pay
Try to love you, baby, but you push me away
Don't know where you're going, only know just where you've been
Sweet little baby, I want you again”


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Daqui de dentro.

Percebi seus rastros pelos corredores.

Vi suas digitais em cada canto (até naqueles copos de requeijão em que só você bebia café)
Alguns fios de cabelo preto
no ralo,
no calo,
nos armários.

Em tudo o vazio
já era alguma coisa.

Porque sua ausência sempre foi só física.
O resto todo tava ali.

E eu fiz questão de não parar,
e reparar,
porque demorei muito pra reeducar meu cérebro pra isso.

Precisava tornar menos tangível todo o sentimento
que sentia,
toda vez que passava
por esses cantos,
esses copos,
esses ralos,

Tantos calos.

E sim, varri toda a casa
até que esse cabelo,
e mãos,
e passos...sumissem.

Sua ausência ganhou mais volume.

Mas ainda assim, não descobri o que faço comigo.
Ainda assim não fui capaz de abrir as portas,
e deixar você sair,


daqui de dentro.

Pra falar de amor.

Quando meu pai viaja, minha mãe se deita do lado que ele dorme.

Pra mim, isso é amor.

E eles se despedem sempre com um sorriso
- São cúmplices até mesmo nesses pequenos detalhes.

E quando um fala, o outro se cala.
Parece que eles vivem entrando em um tipo de consenso silencioso.

É desse tipo de amor que eu nasci.

Se não fosse a dose de erros,
Esses que todo mortal adquire assim que nasce,
E Deus tivesse somente me presenteado
Com esse amor do qual fui fruto...

...Eu seria um tipo de estrela  (uma constelação,talvez)
Ou feita de qualquer outra coisa,
Impossível de se alcançar.

Quando a falta,
Transforma qualquer rastro em presença.
E cada despedida,
Num tipo de felicidade compartilhada
- daqueles que sabem que ainda assim se pertencem.

E o respeito,
A Partilha,
Que moram no silêncio.

Feito de qualquer coisa,
Quase impossível de se alcançar...

Pra mim...
Só pode ser amor.