quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Sai.

Tira esse sorriso do rosto. Essa graça toda me ofende.
Essa graça e essa cara.
Some daqui e leva esses sorrisos que não me aquecem mais.
Me mata esses minutos todos que passo te olhando.
Esse rosto, esses dentes que outrora me traziam vida e eram feitos de alento.
Como pode ser tudo ao contrário? Nessas ultimas horas, esse seu corpo que ainda continua lindo, me esvazia.
E sim, leva esse corpo bonito também. Essa beleza toda que não suporto mais.
Só deixa as suas chaves e o seu cheiro.
Agora você é dispensável.
Saudade é preciso.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Para meu pai, com amor

Um dia, eu tive um sonho.
Sonhei com um Deus que não me fizesse sentir a dor da perda.
Mas o Deus que eu conheço, vez ou outra vem e me tira um pouquinho...
Pra me lembrar que não perder, é só uma ilusão bonita.
E cada ano que passa, eu respiro fundo e meu coração se enche de alívio.
Ele tá aqui. Ele ainda tá aqui.
Queria poder tirar isso do coração e ir mostrar ali no quarto ao lado,
O alento que sinto ao saber que ele ainda tá ali pra mim.
Essa data em específico,faz meu coração bater mais devagar.
Mais um ano eu vou poder abraça-lo. Mais um ano que ele tá ali,tão perto.
Queria ser melhor com essas coisas.
Queria ser mais expressiva.
Queria chegar naquele quarto e abraça-lo até sufoca-lo.
E dizer que eu o amo tanto e que o meu maior medo é perde-lo.
-Fica mais pai...fica mais trezentos anos!
Mas todo ano é igual.
Chego ali de manhã e desejo feliz aniversário e muitos anos de vida.
E vou embora viver.
Mas entenda, pai.
Que por mais clichê que isso seja...
Você vivendo ao meu lado, por muitos e muitos anos... é a minha mais bela ilusão.
E que assim seja, pro resto da minha vida.
Te amo mais do que a mim mesma.
Obrigada por permanecer.

Oração


Peço que seja paciente
E não, não posso te afirmar por qual direção caminho,
Se estou no meio de, 
Se estou prestes a,
Se sequer eu botei meus pés em algum caminho.
Peço que me perdoe
Caso eu demore a chegar,
Caso eu erre outra vez o percurso,
Caso eu me perca e não alcance.
Não deixei de acreditar em todos os propósitos. O caso é que , me parece pelo menos, que eu ainda não tenha compreendido ...esse meu.
Não, hoje não te peço nada. Só essa dose de paciência e de perdão. Talvez um pouquinho só de compreensão.
Talvez desabafo, porque nem todo dia é fácil acordar e ir dormir sem esse alento de qualquer convicção.
Eu tenho pressa ,
Não sei pra onde,
Não sei por que.
Nem por quem.
Eu tenho pressa e isso me corrói.
E só peço que ainda assim,
me aceite.

Na noite que existe

Naquela noite, não tive vontade de te ver.
Na verdade nem chegava a ser pessoal. Não queria você nem ninguém. 
Sinceramente, se eu pudesse, eu deixaria de existir naquela noite.
Não tem nada a ver com morte esse lance de deixar de existir. Talvez tenha mais algo a ver com libertação.
De mim
De você
E de quem quer que fosse.
Sim, seria um belo desejo pra aquela noite.
Esse deixar de ser.
Digo sobre aquela noite, porque desconfio que aquela noite não foi feita de coisa alguma, e é exatamente essa coisa alguma que me esvaziou ao ponto de não querer ver e existir.
Tenho pânico de noites vazias como aquela.
Não me recordo qual foi a ultima antes daquela, mas desconfio que já ocupei sim essa outra noite em algum momento da minha vida.
Algum momento vazio.
E esse pânico me arrasta pra onde nunca gosto de ir, que é exatamente esses espaços dentro da gente que sofrem , esses espaços que deixam de sonhar. Me sinto menor depois de ocupar esses lugares obscuros meus.
E a única coisa que eu penso é que eu ainda não devo me afogar. Nessas horas que, quase sem força eu preciso ainda buscar por esses outros lugares feitos de luz.
Porque eu preciso resgatar ainda essa vontade de ver,
Você
o mundo .
E de existir
Pra outras noites.

Imensos prazeres de um instante



E finalmente, ela se sentiu incrível.
Digo finalmente, porque não é esse o sentimento que ela nutre por si mesma a maior parte dp tempo.
Ela costuma ter pena de si mesma. Das suas curvas, dos seus diplomas, da sua mesmice, da sua rotina. 
E desse cabelo, que ela não compreende e nem aceita. Esse cabelo que dá dó.
Mas, nesse exato momento, ela se sente incrível, como se tivesse alcançado o apogeu das coisas,
Dessa “vidinha “
Hoje ela se levantou tarde, só escovou os dentes depois da segunda vez que comeu.
Não se importou com os cabelos. Ajeitou-os num coque mal feito, não pra se sentir melhor em relação a eles, mas pra tirá-los da frente do seu sorriso.
E sim, fez as duas refeições completamente nua. Fazia calor , e esse desejo de se sentir satisfeita fez com que ela precisasse estar nua enquanto dispensava a salada por um prato de lasanha e outro de sorvete com calda.
Tomou um banho e depois não secou os cabelos, nem se conferiu no espelho.
Entrou em um camiseta velha
E se derramou dentro de um sofá.
Abriu uma cerveja gelada, acendeu um cigarro.
E fim.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O que me habita

Eu lido com as minhas misérias todos os dias. Com a minha imundície, que nem sequer cabe mais nesse quarto.
Varro pra debaixo dos tapetes. Tantos tapetes , tanta coisa gasta, surrada e velha que me habita.
Queria compor uma canção. Queria saber cantar pra expurgar esse tanto, essa coisa imensa que não cessa.
Os dias me cortam como o frio, quando nem o frio existe. 
Mas habita e corta e sangra. Frio.
São as minhas misérias, só minhas. Essas que me distanciam de qualquer outra coisa, essas que afastam de qualquer calor.
Queria mesmo cantar.
Sair desse quarto.
Sumir com esses tapetes daqui.

Sobre esse tudo que sou.

Fico perambulando entre essas mulheres que construí.
Mulheres tantas que me ocupam em formas ,tamanhos e trejeitos tão distintos entre si, 
tão idênticos em vontade.
Sou um misto de exoterismo e racionalidade. Uma construção desconstruída de todo desejo e desprezo que me invade por todos os lados, durante todo o tempo, tão despretensiosamente cheio de pretensões
Sou o inverso e o reverso de todas as coisas. 
Sou uma história mal contada , dentro de tantos finais e recomeços e infortúnios feitos de tanta beleza e tanta miséria.
Sou você, sou o pai, sou o sol.
Fico perambulando entre tanto , entre tudo que ocupa esse vazio imenso.
Estamos em guerra. Lutas diárias entre minutos e almas,
Entre eu e eu mesma.
e que assim permaneça, até que me esgote.

segunda-feira, 30 de março de 2015

A minha concepção do amor (readaptação de uma antiga idéia)

Convidaria aqueles com que de qualquer forma me envolvo
a formar um grande círculo.
E no meio desse grande círculo:eu
Travestida pelos esteriótipos que carrego na pele,
mal acompanhada pelos meus vícios.
Compartilhando tudo,
em completo silêncio.
Num primeiro (e talvez único) olhar: o reconhecimento.
Ali a figura representada sob o previsível,
em consonância com todas as máscaras que criei.
- imagem construída e moldada e aceita por aqueles que rodeiam.
.
Respiro.
Começo.
Acendo o cigarro e fecho os olhos .
Trago.
Sorvo.
Apago.
Encho minha taça de vinho e fecho os olhos.
Trago
Sorvo
Derramo.
Pauso.
Olho.
Percebo: estranhamento.
Ouço passos que se afastam,
sinto familiaridade nas vozes que me questionam.
Respiro.
Continuo.
Vidrada, me olho no espelho.
Esqueço o medo que me ronda,
Esqueço as imagens que me constroem.
Só olho pra mim - por mim.
Acaricio meu rosto
com apreço de quem ama,
- ainda me reconheço.
Expiro alívio.
Com um lenço,removo a pintura dos olhos.
Desmancho a pintura da pele.
Depois tiro os brincos,
me desfaço dos anéis,
Solto os cabelos.
- ainda me vejo.
Submersa, demoro a perceber
Que o que era círculo, já não é.
- foi quebrado.
Há os que permanecem,
há os que se afastaram,
e as vozes que sentia se calaram e partiram.
Interrompo: por medo,
me encolho, envergonhada até reconhecer meus alicerces- ainda presentes.
Respiro.
Levanto.
Prossigo.
Me desfaço das minhas roupas,
dos meus sapatos.
Me desfaço dos meus constrangimentos.
Me desfaço e os transmito .
Reconheço: Embaraço .
Alguns se viram de costas.
Alguns me abandonam
E os que ficam já não me olham.
-Ninguém me toca -
Resolvo encerrar o silêncio.
Nua, me desloco.
Não sou mais centro.
Não sou mais medo.
Procuro as mãos que me abandonam,
Toco rostos que não me olham.
E quando o toque já não me basta
as palavras tomam frente,
desenfreadas,
desmedidas,
- despidas, feito eu.
Palavras direcionadas aos que permanecem.
Respiro: ofegante.
Encontro: alento.
Retomo: meu eixo.
- E giro -
Giro em torno do meu precioso eixo.
Giro em mim - por mim.
Giro por muito tempo.
Giro e isso me esgota
volto,
me percebo só.
Não há mais ninguém ao meu redor.
As minhas palavras as tomaram de mim.
E agora sou só,
E sou inteira
As minhas palavras me tomaram o medo.
Por um instante: Silêncio
Me levanto,
Me despeço.
E já não carrego mais nada além do meu próprio peso.
No outro instante: Barulho
Não há luz naquele vazio,
mas sinto a presença que se aproxima.
- Um homem -
não o reconheço.
Ele silencia os passos quando chega perto.
Para e me observa.
Paro e o observo.
Ele está de frente pra mim,
e me olha nos olhos.
e me toca.
Demoro , mas noto
Ele está nu,
E não me traz nada (além do seu próprio peso)
Nos abraçamos
- como velhos conhecidos.
Estamos inteiros, entregues.
Abandonamos o vazio.
De repente, não sou mais só,
Carrego agora o que preciso.
Respiro
E isso finalmente me basta.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Reflexão sobre o seu e o meu universo.

Acho importante a pessoa que curte escrever se aventurar por diversos tipos de linguagens e de temas – estabelecer novas conexões, sinapses.
- Acho lindo.
Eu, que gosto de escrever, tento me dedicar mais a esse exercício, abandonando esse meu linguajar dramático, de desabafo mesmo – que me é muito característico, pra de repente escrever sobre outras pessoas reais, ou sobre pessoas surreais, ou pessoas que sei lá, moram em mim e que não sejam tão...melodramáticas.
Juro que tento.
Mas escrever acaba por ser uma extensão do sentimento que mora em mim. E, quando dou por mim, mesmo botando o outro no meio, de repente sou eu, destrinchando a minha vida e toda aquela angústia que gira ao redor dela.
Admiro quem se atém as coisas externas. Admiro mais ainda aquele que consegue escrever, lindamente sendo completamente imparcial.
Admiro, mas isso não é pra mim. Talvez as minhas funções cognitivas relativas à escrita sejam limitadas. Sabe-se lá.
No meio da primeira frase o coração se intromete e pronto.
Traçando uma linha cronológica, percebo claramente o quanto essa linha emocional ultrapassa os papéis e delimita totalmente todos os caminhos que tracei ,todas as pessoas que me dei, todas as escolhas que por fim nunca escolhi – sempre me escolheram.

[Esses parágrafos surgiram de uma reflexão que ,como todas as outras se não for feita no papel, se perde. Surgiram de um questionamento sobre o porquê de nunca experimentar escrever sobre política e assuntos gerais que dizem respeito a um contexto bem maior do que meu próprio umbigo.
Funções cognitivas ou pequenez humana. De qualquer forma ,acabo me explicando: Ainda tô tentando entender meu próprio universo pra ver se dou um jeito de me encaixar nesse aí tão maior e tão mais complexo.]

- Coração sobrecarrega.

quarta-feira, 18 de março de 2015

- Contrários -

Mas o que mais temia era ser idiota.
Podia ser considerada qualquer outra coisa.
Idiota nunca.
Era por isso que vivia calada. Tinha gente que dizia que era timidez. Ela achava melhor. As vezes, se autodenominava tímida só pra não acabar dizendo qualquer imbecilidade. E sim, de alguma forma podia ser de timidez o seu silêncio, porque de fato morria de vergonha de errar.
-Não era inteligência que lhe faltava. Temia ser idiota por inseguranças -
Devia ser algum trauma de infância. Alguma vez, fatalmente, foi idiota na vida. Foi idiota e alguém descobriu . Alguém descobriu e apontou. Pronto. Bastou pra que o silêncio se instaurasse.
Fico imaginando o som ensurdecedor dentro dela .
Fico imaginando a dor.

Enquanto isso há aquele que não abre mão de ser idiota.
Não pode ser considerado nada
Além de um completo idiota.
E por isso que nunca calava a boca. Tinha gente que dizia que era porque era um cara culto. Ele achava melhor. As vezes, se autodenominava culto , só pra acabar dizendo qualquer imbecilidade. E sim, de alguma forma podia ser feito de sabedoria o seu falatório, porque de fato o que sabia fazer era falar.
-Era inteligência que lhe faltava. Gostava de ser idiota por inseguranças -
Devia ser algum trauma de infância. Alguma vez, fatalmente, foi humano na vida. Foi humano e alguém descobriu. Alguém descobriu e apontou. Pronto, bastou pra que o barulho se instaurasse.
Fico imaginando o silêncio ensurdecedor  dentro dele.

Fico imaginando a dor.

Melancolia


De repente, todos os outros 27 não fizeram sentido. Me questiono em qual desses anos eu decidi ser quem eu era e fazer o que eu fazia.
De repente, já não sou quem eu era.
De repente sinto uma vontade de ser tudo justamente ao contrário do que sempre fui e fazer tudo ao contrário do que sempre fiz ao mesmo tempo que me vem uma vontade enlouquecida de não ser absolutamente nada, de não fazer absolutamente nada.
Tudo e nada. Tudo e nada.
Cansaço .
Cansaço de, de repente ter que recomeçar a vida aos 28 e me reinventar, sem saber se ainda me resta proveito do que já fui ou do que já fiz.
Sinto saudades de não ser e não saber , e ainda assim ser genuinamente,
enlouquecidamente
feliz.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Felicidade à la carte

Quando eu me pego pensando sobre o que de fato me faz genuinamente feliz, sempre me vem à cabeça a palavra "mar".                                                                                                                             E o quê extraio do mar pra me causar essa euforia é o que me intriga.                                                                                                         Se penso nos frutos que ele me dá, logo descarto. Meu lance sempre foi arroz, feijão e angu.                                                             Se penso que sou feliz por navegar por entre suas águas, já me causa náuseas só de pensar.                                                         Quanto aos mergulhos, só me aventuro até os calcanhares.                                                                                                                         Resolvo dar por encerrada a questão. A minha felicidade não habita no mar.                                                                                         Por longo tempo me esqueço disso, até o dia em que resolvo ir a praia, numas férias qualquer.                                                             Ao me aproximar do meu destino, logo me vem uma sensação conhecida, remota, quase nostálgica. Algo que nasce no estômago e vibra nos olhos...                                                           Subitamente, me recordo daquele epifania de outrora sobre a Gênesis da minha felicidade...                                                               E ainda é fato. Ainda conlcuo que havia me precipitado sobre "ser" o mar.                                                                                                   O que vibra agora diante dos meus olhos e nasce no meu estômago, é a simples conclusão que a felicidade é justamente o contrário. Ela reside justamente em não possuir o mar , mora na saudade dele...                                                                                     Assim que o mistério se desvenda, outro sentimento me toma por inteiro: a tristeza. E com a tristeza, outro questionamento, como se não cessasse nunca . Me senti exausta ao pensar , extremista que sou, que de agora pra frente,  só seria feliz diante de tudo aquilo que não possuísse.                                                     Com a água até os calcanhares, olhando a imensidão daquele mar, desejei voltar no tempo.                                                               No tempo em que todas as indagações começam a tomar forma, e a gente começa a formular as nossas próprias opiniões.                                                                                                                                   Teria dito que o que de fato me faz genuinamente feliz, é arroz, feijão e angu.                                                                                   Pronto. Teria vivido feliz para sempre.

Amor e tamborim

Assim que o ano nasce, com ele desperta toda a euforia e encanto.
Que vive nela, dentro dela, em Maria.
Logo janeiro desabrocha, e ela já calça suas sapatilhas gastas, porém resistentes
a dois ou mais  janeiros,
a dois  fevereiros
até o início do último março.
"As sapatilhas têm vida própria ou são como amuleto  . Basta calçá-las pra magia acontecer. Os pés simplesmente não se cansam e simplesmente não tocam o chão, até chegar a quarta feira de cinzas."
É o que sempre escuto de Maria, toda vez que a encontro com suas sandalhinhas de trapos, encardidas de festa.
Ela sempre me convence, afinal.
Mas Maria só repete sapatilha. No resto ela inova. Parece que ela vive pra viver de começo de ano,enfim.
Encontrei com ela num dia desses , e lhe perguntei sobre as novidades. Ela me veio com o papo de carnaval, que é o que sempre faz brotar sorriso naquele rosto.Disse que esse ano ela passa vestida de beija-flor, boneca de pano, pirata e julieta. Diz que aprendeu tamborim pra tocar em bloco, e que desse ano não passa, que nesse carnaval ela encontra um grande amor.
Dessa vez, Maria me surpreendeu, porque nunca vi Maria falando de amor nem de tamborim.
Todo ano bastava fantasia e confete.
Era ela saltando de um lado pro outro,
com sapatilha de remendo,
meia calça desfiada.
Nem beber ela bebia, pra não perder detalhe nem de cor. nem de fantasia. nem de gente.

-Amor de verdade, Maria? No carnaval?E agora tamborim?!Maria...- Questionei,enfim.
E veio Maria, com sorriso que já virou flor, me dizendo que se fantasiar e jogar confete, pra ela, já não bastava. Tinha que entender do que era feito tudo aquilo, todo aquele encanto, euforia e magia que tirava seus pés do chão.E foi buscar no ritmo , na sequência , no embalo.
E foi exatamente nesse mesmo ritmo, nessa mesma sequência, nesse mesmo embalo, que pôde prever a chegada do amor.
No instante em que os remendos de suas sapatilhas se desfizessem -o que ja era previsto acontecer até a ultima terça-feira de folia,
e as cinzas de quarta silenciassem todo e qualquer batuque,
saberia que assim como seu coração cansado, haveria um outro necessitando desse mesmo alento que todo fim de momento bonito causa. E Maria estaria por perto, com novos propósitos, pra compartilhar o resto do seu 87º ano com esse outro alguém...
(Parece que agora ela quer viver de vida inteira,enfim.Com ou sem sapatilha, com ou sem fantasia, de amor e de tamborim...)