quinta-feira, 19 de abril de 2012

Aquela garota.

Passei por multidões até encontrá-la.

Quis passar desapercebida-não deu.
Ela quis desfazer das semelhanças - não deu.

Foi inevitável o início de algo concreto - independente de outros amores.

Independente de tudo e todos.

É como enfrentar o espelho a cada encontro. Nela vejo refletida até o que me é desagradável - o que em mim é desagradável.Nela é qualidade.
Uma sintonia entre dois mundos. Parece um cérebro compartilhado em dois corpos tão distintos.

Impressionante como o encontro de almas se faz em meio ao improvável.

Antes aquela garota, amiga do Pedro. Agora é nossa, é minha, sou eu.
Antes um encontro.Agora deleite.
Antes parte.Agora meio.

Parte dela mora em mim - e parte minha agradece.
Outra parte... também.

Surpreendente é continuar me surpreendendo,mesmo em face ao tempo,aos problemas, aos desencontros.

Em face a vida, faz-se luz.

Aquela garota...a nossa, a minha, aquela que sou eu...

Foi o melhor presente que o presente me deu.

Thanks,cacá.





Indagações sobre vírgulas,pontos e etcéteras (aprenda a conviver com meus textos)

Não boto ponto final pra concluir uma frase.
Eu boto ponto pra dar um respirada.
A vírgula é porque eu falo pausadamente - as vezes eu pauso demais, eu sei.

E assim vai.

Páragrafo onde não tem, serve apenas como reticências.
Assuntos diversos num mesmo contexto, sem exigir iniciar outra frase - as vezes eu atropelo demais,eu sei.

Pular linha duas vezes, é pensando em quem lê. É pensando em mim,na maioria das vezes,porque as vezes só eu que leio mesmo. O "pulo" é uma respirada profunda,uma fórmula contra enjôo.

Traço é sempre fazendo referência a algo- explicações à parte, justificar a frase.

E os três pontos...adoro três pontos... dá uma suavizada...uma leveza... assim como eu gostaria que meus textos fossem.

Enfim.

Eu sei sobre minhas obrigações. Sei que existem padrões e etcéteras.

Por isso peço licença.

Pra escrever da forma que eu sinto, do jeito que vem, sem ler duas vezes. Peço licença pra minha incontinência verbal.
Deixa eu cuspir as palavras.Deixa eu ditar um tom, pelo menos sobre o que eu escrevo.

Agora sai da frente, por favor.

Me deixa pecar pelo excesso.













Obs: Sobre os erros ortográficos...não. Eles não são propositais.
Por eles, peço desculpas.

terça-feira, 10 de abril de 2012


Eu não me entendo bem com o meu corpo.
E não consigo entendê-lo,na verdade.
Se ele pede banho - eu dou
Se ele pede capricho - eu me dedico
Se ele pede repouso - eu sou só seu.

Por mais que a mente queira tudo, sempre, sempre ao contrário.
Eu obedeço o corpo.

Comigo a mente nunca tem vez.
Acho ela um fardo muito grande pra se carregar.
Muito trabalho pra manter.
Eu a sossego com doses de ilusão.
Neosa-rivo-breja.
Três paliativos infalíveis.

Já o corpo...ah...o corpo.
Sempre me entrego.
Eu o banho,o acaricio,o mimo.
Dou-lhe roupas, perfumes, endorfina.
E ainda, ai de mim, exijo que os mais próximos o aprecie, respeite e se possível...lhe encha de prazeres e carícias mil.

Entretanto já não é muito de troca que a mente sobrevive.
Claro que eu a alimento de ideias imundas, livros infames, pensamentos destrutivos.
O meu olhar já se encarrega de transbordar conhecimento todos os dias.
Mas confesso, não a divido. Compartilhar o que tem dentro dela...não faz sentido algum.

Mas aí é que tá.

O questionamento nasceu no momento em que me olhei no espelho.

Lá eu vi que meu corpo é meu amor não correspondido.
Vi imperfeições nos lugares que tanto me dediquei.
Ele não me retribui o carinho diário, o apreço e o cuidado.
Sente fome, come, mas mostra que na verdade eu não deveria alimenta-lo- o preço que se paga é em kilos.

O preço que se paga é revestido em inflamações, indigestões e acnes. O investimento é sempre injusto e pequeno - cobra ele.

Ok. O amor é privação-já me disseram.

Dai nasce o momento em que se olha pra dentro.
Lá eu busco a mente - a solitária mente.
Essa sim, vive tentando me converter,me resgatar de todos os males que eu sempre busquei no impulso.
A mente me adianta o imprevisível, me indica aqueles melhores caminhos, as melhores pessoas.
É dolorosa, eu sei.
Mas ela não me abandona.
E ela que então me olha no espelho e que busca com sinceridade me mostrar o que é o amor.
"Ele mora atrás dos olhos" - ela me diz.

E eu me divido.
Porque a mente e o corpo não se bicam.
Penso logo em acordos, mas o pensar já me distancia do corpo, e quando penso em agir, a ação me distancia da mente.

A vida aqui dentro é um eterno martírio.
Mas é um prazer me afundar nesses delírios todos.
Nessas contradições que me fazem levar o título de humana.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Saudosa Elis, Elis querida.

Neste domingo ,ouvi a serra do curral cantar.
Ecoava uma voz familiar por entre as montanhas,embaixo de um céu "azulzin".
Tudo conspirava pra um encontro lindo.
Entrando no parque,um caminho de luz. O som parecia vir lá do alto. Mas o palco tava era ali num canto, num lugar que de forma alguma fazia jus a homenagem que se prestaria.
Aquela voz não cabia lá.A emoção também não.
É a vida ensinando pra gente que o que vai embora é mesmo só o corpo. O som ainda ecoava por entre as montanhas, as sensações tão latentes, mesmo depois de 30 anos sem Elis.
O legado foi pra Maria Rita. Ela pigarreou - eu percebi. A voz parecia entalada, porque dali voz e emoção não davam conta de saírem juntos. Ela cantava,emocionada,com os olhos sempre voltados pra cima.
Um misto de música e prece se fez presente tanto no palco,quanto na platéia. 9 mil pessoinhas envolvidas num corrente de oração e voz.Saudosa Elis, Elis querida.
Quando fechava os olhos,me sentia em outra dimensão. A voz não era da intérprete. A voz que saía da filha não pertencia a ela. Elis tava ali, e o céu foi testemunha.
Eu particularmente gostei foi das olhadelas na partitura. A imensa vontade de fazer jus a cada palavra produzida pela mãe, na entonação exata, no tempo certo...era tudo vontade de não representá-la.O que a define como artista de verdade,na minha opinião. Ela nunca quis tomar o lugar da mãe. Ela nunca quis sequer ser comparada - por mais semelhante na competência e na fisionomia- ela quis ser o tempo todo somente a filha orgulhosa,agradecida,enaltecida.
Em suas vestes brancas, linda, serena, completamente dominada pela emoção, era só luz.
E as bolhinhas de sabão colaboravam pro contexto lúdico.
Ora Maria,ora Rita, ora Filha, ora Elis.
Era tudo feito de alma.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O sofrimento faz cosquinha na minha imaginação.

E ela se solta toda.Fica que não se aguenta.

Um lado bom, afinal.

Do que se é feito.

O amor não tem volta.

Quando se passa a amar, não volta a viver. Amor engole todo resto, vive-se pra ele,por ele.
Quando o amor se vai, o coração vai junto. Fica no lugar dele um vazio imenso, como um lago que seca, num lugar onde não chove.Nem se pinga,pedro,nem se pinga.
E o amor não nos dá direito de escolha.O amor sempre parece mirar no impossível, parece pactuar com o diabo- mira no improvável,no oposto,no avesso.
E em quê que nos transforma?Também no avesso. Onde a lingua vive se pagando, onde os passos vivem se errando, onde se tropeça, se machuca, e mesmo assim teima em se tropeçar, em se machucar. O amor é sadomasoquista.
E a gente se engana. A gente transforma o amor num conto de fadas, remonta a história do outro como se fosse um príncipe...um Deus... e teima em achar que príncipe não tem passado, não teve erro, não viveu mentiras.
Ah... e a mentira...No amor, no jogo em que se joga, a verdade de um, vira a mentira do outro, a mentira do outro,vira inadimissível... mas ai vem o amor... o amor admite. tres mil vezes o mesmo erro.
E o coração se parte e se remenda. Mas o amor diz: continua! Amor passa uma vez, se perde o amor de verdade, não te sobra nada além da morte.
E não é a morte física. É a morte da alma. Vive-se pq precisa viver. Come-se porque precisa comer. E caminha...caminha... pro tempo passar, e o corpo descansar, enfim.
Os embates que o amor enfrenta são sempre intermináveis.Se continua o jogo de amar, é preciso continuar a sofrer, é preciso continuar a errar, e tentar acertar, e se arrepender.
O amor é cegueira permanente, é imprudente, é letal.
Amor que se mede usando como referência o infinito, que se desdobra em mil pedaços, que se transforma em cacos, dia sim, outro não.
E o amor grita,berra, fere. Amor tem dessas coisas baixas. Amor não controla a boca, a mente se entorpece, a garganta grita pra liberar o ódio momentâneo.
Grita e fere, pq quando se ama, palavras duras não podem permanecer dentro da gente. Quando se ama só se pode amar, só se deve amar...
Mas amor é a semente do ódio. A cegueira é o que semeamos. O ciúmes destorce, o ciúmes brinca com a gente, como se fossemos imbecis...mas se é realmente isso que ´nos tornamos quando amamos demais...
E a balança-tentativa inútil de racionalizar o amor. Botamos tudo na frente dele, e é fato, que tudo que é contrário ao amor sempre pesa mais.
O amor é coisa leve, sem peso e sem medida. E pra amar é preciso doar-se.É preciso reinventar a verdade, manter a flexibilidade da razão. Amor não tem razão,Pedro.


Eu jamais escolhi amá-lo,mas eu sinto,de coração, que o amor foi a melhor escolha.
E continuarei,mesmo que doa, mesmo que estrangule,mesmo que se erre-mil vezes...a amar cada parte sua.

Se você já se escolheu, então que não deixe seu coração secar.

O meu secará.
Numa terra que nem se pinga pedro, que nem se pinga.

Fernanda Mól.