segunda-feira, 2 de abril de 2012

Do que se é feito.

O amor não tem volta.

Quando se passa a amar, não volta a viver. Amor engole todo resto, vive-se pra ele,por ele.
Quando o amor se vai, o coração vai junto. Fica no lugar dele um vazio imenso, como um lago que seca, num lugar onde não chove.Nem se pinga,pedro,nem se pinga.
E o amor não nos dá direito de escolha.O amor sempre parece mirar no impossível, parece pactuar com o diabo- mira no improvável,no oposto,no avesso.
E em quê que nos transforma?Também no avesso. Onde a lingua vive se pagando, onde os passos vivem se errando, onde se tropeça, se machuca, e mesmo assim teima em se tropeçar, em se machucar. O amor é sadomasoquista.
E a gente se engana. A gente transforma o amor num conto de fadas, remonta a história do outro como se fosse um príncipe...um Deus... e teima em achar que príncipe não tem passado, não teve erro, não viveu mentiras.
Ah... e a mentira...No amor, no jogo em que se joga, a verdade de um, vira a mentira do outro, a mentira do outro,vira inadimissível... mas ai vem o amor... o amor admite. tres mil vezes o mesmo erro.
E o coração se parte e se remenda. Mas o amor diz: continua! Amor passa uma vez, se perde o amor de verdade, não te sobra nada além da morte.
E não é a morte física. É a morte da alma. Vive-se pq precisa viver. Come-se porque precisa comer. E caminha...caminha... pro tempo passar, e o corpo descansar, enfim.
Os embates que o amor enfrenta são sempre intermináveis.Se continua o jogo de amar, é preciso continuar a sofrer, é preciso continuar a errar, e tentar acertar, e se arrepender.
O amor é cegueira permanente, é imprudente, é letal.
Amor que se mede usando como referência o infinito, que se desdobra em mil pedaços, que se transforma em cacos, dia sim, outro não.
E o amor grita,berra, fere. Amor tem dessas coisas baixas. Amor não controla a boca, a mente se entorpece, a garganta grita pra liberar o ódio momentâneo.
Grita e fere, pq quando se ama, palavras duras não podem permanecer dentro da gente. Quando se ama só se pode amar, só se deve amar...
Mas amor é a semente do ódio. A cegueira é o que semeamos. O ciúmes destorce, o ciúmes brinca com a gente, como se fossemos imbecis...mas se é realmente isso que ´nos tornamos quando amamos demais...
E a balança-tentativa inútil de racionalizar o amor. Botamos tudo na frente dele, e é fato, que tudo que é contrário ao amor sempre pesa mais.
O amor é coisa leve, sem peso e sem medida. E pra amar é preciso doar-se.É preciso reinventar a verdade, manter a flexibilidade da razão. Amor não tem razão,Pedro.


Eu jamais escolhi amá-lo,mas eu sinto,de coração, que o amor foi a melhor escolha.
E continuarei,mesmo que doa, mesmo que estrangule,mesmo que se erre-mil vezes...a amar cada parte sua.

Se você já se escolheu, então que não deixe seu coração secar.

O meu secará.
Numa terra que nem se pinga pedro, que nem se pinga.

Fernanda Mól.

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