terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Meu novo ano

Me faz bem acordar num reinício. É como se meus olhos fechassem mais esgotados do que o normal, carregando as cores, imagens e  historias de um ano todo , e acordassem, simplesmente refeitos, límpidos, como uma folha em branco.
Mais uma vez.
Me faz bem essa sensação que se esgota e se inicia . Me faz sentir que a juventude é a significação de algo muito maior do que a conservação de um corpo – é feito do que se conserva a alma. É como a gente cuida do que tá dentro. É a forma que a gente se reinventa toda a vez que nossos olhos se cansam, e tem que ainda assim despertar, e continuar a produzir , e continuar a encantar.
Porque tudo que é novo, é jovem. Todo ano que nasce, é tudo aqui de dentro que desperta junto, é que acorda junto, é que levanta outra vez.

Mais uma vez.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O motivo da minha inspiração.

Meu coração estava obstinado a ser auto suficiente.
Depois de todas as decepções obvias que qualquer pessoa que se preze a correr riscos se depara, eu simplesmente decidi recuar. Parar de tentar,sabe?
Qualquer coisa assim.
E aí você entrou na minha historia torta. Do jeito mais torto que podia entrar.
Te conhecia de vista. Você sempre tava sorrindo e eu sempre achei que era o típico sorriso de idiotas decepcionantes. Fora indiferente a tudo isso, do jeito que havia prometido a mim mesma que seria desde então.

Mas era permissiva quanto a aproximações amigáveis. Sempre me dei melhor com homens, sempre achei que seria mais fácil lidar com o menos complexo. Um lance de aquarianos –me disseram.
E tinha o outro requisito, que me distanciava de riscos maiores. Sabe, nessa conversa prefiro deixar de florear a vida como de costume. Eu tava desleixada comigo.
Tinha me acomodado a uma rotina simples, sem esforço.
Tava anestesiada e sem fé.
Não conferia o espelho com frequência e tava acima do peso.
Ah, ok, sem floreios.
Tava gorda.
Mas ainda assim arranjava uma coisa ali, outra coisinha acolá. Sempre investi em dar meu melhor no que tinha de melhor pra oferecer.

Até chegar você e me dar motivo pra não ser só melhor no que eu já era boa. Queria ser melhor em tudo...tudo.

No começo, foi um pouco sem perceber. De qualquer forma, sempre foi bem natural,né?
Comecei sendo permissiva, como já disse.
Seu sorriso cafajeste combinava com o meu.
Éramos farinha do mesmo saco, e achei que seria suficiente pra não dar estrago. Nunca quis me envolver romanticamente com gente da minha laia.
Mas rolou algo estranho.
Começamos a sair, a compartilhar todas as coisas que gostávamos da mesma forma. E até as coisas de que não gostava, compartilhava porque você fazia, sei lá, parecer menos detestáveis.
Lembra quando eu sai do trabalho e fui te encontrar pra assistir um espetáculo, e como tantas outras vezes, a gente chegou tarde demais e os ingressos já tinham esgotado? Começou a chover, você me disse que adorava chuva, tempo nublado e todo um clima que eu sempre detestei. Foi suficiente pra me fazer mudar completamente de ideia, no momento em que você me obrigou a sair no meio de um temporal pra procurar um bar pra tomar cerveja.

Eu tava ali, toda encharcada e completamente satisfeita.

Cheguei em casa e escrevi pra você.
Fiz uma analogia sua com a chuva.
Coloquei tudo quanto era coisa boa em relação a chuva pra comparar com você.

A chuva não costumava me inspirar. Nem sorriso cafajeste, muito menos gente do meu tipo. Quando eu percebi, umas semanas depois, depois de substituir pizza por salada, ociosidade por capricho , e escrever sobre tudo que nunca foi motivo...

...que era a primeira vez que eu me apaixonava perdidamente.

Depois disso, chegou o sofrimento. Seu sorriso tinha a mesma falta de pretensão de sempre. E sempre me convidava pra sair pra tudo quanto é canto , sozinhos na maioria das vezes e nem dava indícios de que eu me tornava qualquer outra coisa aí, dentro de você...
E eu ia me dedicando cada vez mais a te surpreender de todas as formas que eu pudesse. Queria ocupar todo espaço que você me autorizasse a pisar, ao mesmo tempo que te carregava pra onde eu pudesse te levar.
Pra onde fosse mais bonito.
Meu coração tinha uma nova obstinação. Ele não queria ser só,

- ele queria ser seu.

Lembro que num desses cantos que a gente visitou juntos, depois de vários meses, você me autorizou a te beijar. Você ou a tequila, confesso que nem eu me lembro, mas alguma parte de você, inconscientemente ou não, queria outra coisa de mim, por mais que fosse pequena, por mais que fosse um lance que todo homem quer de qualquer mulher.
E aí investi nisso também. A química me deu uma mãozinha. Admito que em muitas noites, o álcool também me auxiliava a te levar pra onde eu quisesse.
Fui sempre má intencionada (agora eu digo)
E era o nosso segredo. Por muito tempo quase ninguém soube de fato o que éramos um pro outro. E o pouco de gente que sabia, que sabia de verdade sobre tudo que eu queria, me recomendava a parar de me machucar. Porque oh, eu me machucava calada e você era o culpado ...calado.
E nunca, nunca quis pedir ajuda. Nunca acreditei que a fé interferisse no livre arbítrio de ninguém, mas eu passei a me apegar em algum tipo de crença, e passei a pedir todo bendito e não santo dia , com todo carinho, pra começar a ser correspondida.
Acredito que isso não te fez me querer de outra forma. Acho que simplesmente me fez me querer de outra forma.Olhar pra mim mesma e pedir por mim mesma com mais carinho, mais apreço.
Não nego. Muita gente andou percebendo isso antes de você.
E eu continuei sendo permissiva,
porque eu queria depois de tudo,
ser simplesmente feliz.
Mas deixei você saber de tudo isso. Deixei meu coração nas suas mãos e te prometi aceitar o que você pudesse me dar. Eu fiz isso, porque acreditei que diante de tudo q a gente vivia, não haveria de receber nada de ruim vindo de você.
Me permiti andar por outros caminhos, tentar outras motivações.

Mas eu continuava escrevendo só pra você.

Depois do dia da chuva, nada além de você ,me dava motivo pra escrever.
E me permitir, sem qualquer inspiração...não valia a pena ..
De nada me valia.
Até que chegou um outro tempo em que você me reconheceu pelos olhos dos outros.
A gente continuava saindo, viajando, fazendo tudo que costumávamos a fazer,
mas eu te vi reparando em qualquer outro que me reparava e eu vi que te incomodava.
Pequenas recompensas pro meu ego ferido...
E aí...
Você chegou. Me beijou no meio da rua, sem segredo, sem tequila, sem cafajestagem.

Me beijou e me disse que eu era linda.

Por fim tomou meu coração obstinado
e foi deixando o seu tão despretensioso escorregar devagar pras minhas mãos.

Fui sem orgulho algum.

Continuei me deixando guiar por onde você quisesse ir.
E essa é a parte mais bonita de toda a minha história.
E essa é a parte que parece ter dado sentido pra todos os outros 27 anos ,e pessoas e corações partidos que passaram.
Agora, com a fé instaurada e com a alma tão agradecida e plena, vou ficar insistentemente pedindo e pedindo pra que esse momento da minha historia se perpetue ( e vá ainda além, se possível).
Prometo não me acomodar ,nem me conformar, nem me descuidar.
Agora que você chegou, pronto. Daqui pra frente só caminho se for junto.
Porque te amo.


(E só escrevo pra você)

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Garota de carnaval

Numa segunda-feira – vale ressaltar que não era uma segunda qualquer , porque era carnaval – nasceu uma garota.
Nascer, em dia de festa, talvez já justificaria os anos que viriam, pois a medida que a garota crescia, se mostrava distinta, extrovertida,impulsiva – típica nativa de segundas-feiras de carnaval.
Tivera sorte na vida.
Em festa veio ao mundo, e por aqui permaneceu, cercada por grandes exemplos, infinitos amores.
Não  lhe faltava motivos pra não se tornar a garota que deu certo.
E foi de forma bem estruturada , e foi de vida bem linear a vida que se formou.
Da boa escola, pra faculdade, pro trabalho, pros amores.
Cultivou hábitos saudáveis, enchendo sua cabeceira de livros e os devorando todos, com ansiedade.
E nunca lhe faltava outros prazeres, não tão saudáveis, mas que a fizeram conhecer outros grandes exemplos e obter infinitas inspirações.
Faltou limite e por isso vez ou outra faltava grana, mas ainda assim sempre havia lugar e gente pra acolher, apoiar.
Questionar a vida soava como blasfêmia.
O quê haveria de faltar a essa garota?
De qualquer forma, e ainda assim, blasfemava. Questionava os rumos que tomou e os que deixou escapar, todos os dias, desde o momento em que descobriu que poderia pensar por si mesma.
-Talvez por culpa dos livros na cabeceira, ou quem sabe a vida tão linear que levou-
 Os dois lados tão distintos de uma mesma moeda. O que é muito, ainda assim nunca é suficiente.
Nascera no carnaval, e os cinco dias nunca lhe bastavam. O nascimento era por si só tão glorioso, que teimou em festeja-lo todos os outros dias , onde todo carnaval nunca teve seu fim.
Sempre sentia que sua vida estava a  beira da mediocridade, e por vezes vivia ao avesso – só pra garantir outras perspectivas.
Insistia, internamente, em se tornar algo maior do que fora previsto. Viver além do que viveu nos últimos (todos) anos de sua preciosa vida.
Olhava insistentemente para o relógio – tinha a impressão que ainda lhe faltava um bom tempo.
E surgia o espelho, para desmascará-lo. E ainda assim, ainda teimava.
Sentia que só precisava de uma única resposta para alcançar a plenitude. Precisava saber o que a fazia diferente de todas as outras pessoas. Precisava de uma razão.
Questionamento que martelava e tomava todo e qualquer tempo, enquanto o espelho  parecia dissolver todas as horas que restavam.
E ainda  assim a vida correu, escorreu , sem voz que respondesse , que aliviasse.
E continuou a viver conforme o previsto, avessos que com o tempo se exauriram com o cansaço, pequenos e belos prazeres – vez ou outra.
De qualquer forma, nunca se esquecera de que ainda assim era uma garota de segunda feira de carnaval, e isso bastava para que prosseguisse, ininterruptamente vivendo.
E o relógio se cansou. Entrou num acordo com o espelho.
Queria e de certa forma alcançou alguma conquista. Nasceu e partiu em segunda de festa, sem nunca ter se esgotado nas quartas- feiras cinzentas.

E a vida não lhe pareceu medíocre ao cerrar os olhos, e a paz se fez presente sem  presenteá-la com qualquer resposta, afinal.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Re ajuste


Eu comi uma banana no meio da tarde, na minha mesa de trabalho.
Botei mel e granola – coisas que quase nunca como.
E de repente, do nada, fiquei completamente angustiada.
Sabe, eu também cortei o cabelo um dia desses atrás, sei lá, deve ter uma semana . Um corte que eu não usava desde a faculdade.
Então, pensando bem, essa angustia não rolou do nada. No mínimo tem uma semana que ela vive aqui.
Eu já me vi em outras épocas dessa mesma maneira. Uma delas foi nessa época da faculdade (talvez naqueles anos eu também me alimentava de coisas que nunca me interessaram).
Ta aí, um ciclo.
Vou reparar de agora pra frente. Se essa angústia vai acompanhar o crescimento do meu cabelo e vai diminuir junto com o meu colesterol.
Vou reparar quanto tempo leva, e  em quanto tempo eu simplesmente paro de precisar ser outra coisa.
Quero voltar a ter motivos pra escrever - Ta aí, talvez uma outra opção pros reajustes .
Meu cabelo já tava bonito, eu já havia me formado, arranjado emprego, encontrado o amor da minha vida e meu corpo já tava com num formato adequado.
Não me restava angústia suficiente pra escrever.

Bom, parece que tô prestes a arranjar alguma.  

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sinais

Tenho mania de deixar um dos braços levantado quando deito.
Você entende o sinal.
Eu levanto o braço ,
você desliza a ponta dos seus dedos devagar,
do ombro à palma da minha mão
 infinitas vezes.

Devagar

...até a gravidade me desobedecer.

 E Seus braços ficam dormentes rápido demais.
Mas você sabe o quanto eu curto me encaixar no seu corpo morno
 na hora de dormir.
- Meus pesadelos se afastam quando você está por perto.
Eu entendo o sinal.
Depois de um tempo, vou me desenroscando devagar,
 tirando a cabeça de cima do seu ombro.
Rolo pro outro lado da cama,
me viro pra você,
dou um beijo ,
fecho os olhos e viro pro outro lado,
porque eu sei que você curte adormecer
 assim que deita.

(Logo,penso)

O sinal é de fato o diálogo dos corpos  e não (necessariamente) se apresenta através de comandos perceptíveis
O corpo simplesmente fala
o outro simplesmente responde
E o resto se torna dispensável.



(Falo por nós dois)

Estrela Cadente

Estrela Cadente

Devíamos ser mais racionais quanto aos pedidos que a gente faz
Pensar no que afeta,  limita, arranca.

Quisera descartar esses pedidos mais efêmeros.

E talvez estabelecer prazos, um tempo pra pensar menos pra no que de fato me importa.

Mas Somos urgentes,
intensos,
presentes,

somos jovens demais pra isso.

- Pra mim, não foi diferente

Não pensei duas vezes .
No instante que eu vi você, sentado de frente pra mim, eu mentalizei essa minha estrela.
Pedi você,
desejei tudo em você, naquele pequeno instante.

E depois veio a chuva.
E depois veio a tempestade e tantos e tantos tormentos...

E ainda assim permaneci  urgente,
intensa,
presente
e jovem demais pra isso.


Insisti em te desejar todos os dias,
em todos os lugares,
diante de tudo quanto foi sinal divino pra recriar uma trajetória mais segura

Que não me afetasse,
Não me limitasse,
E que não me tirasse,
Tanto...

E ainda  passou muito tempo.
E Passou muita coisa.

Acho que já faz mais de 1 ano desde aquele bendito dia em  que você e aquela estrela  surgiram na minha vida

 E que se exploda.
Se ainda me houvesse tempo,
recursos
e trajetórias mais seguras.

Ainda assim

Seria  urgente,
seria  intenso,
seria  presente.

Ainda assim,
teria sido você.

E será.

A cada estrela que cair.