terça-feira, 10 de abril de 2012


Eu não me entendo bem com o meu corpo.
E não consigo entendê-lo,na verdade.
Se ele pede banho - eu dou
Se ele pede capricho - eu me dedico
Se ele pede repouso - eu sou só seu.

Por mais que a mente queira tudo, sempre, sempre ao contrário.
Eu obedeço o corpo.

Comigo a mente nunca tem vez.
Acho ela um fardo muito grande pra se carregar.
Muito trabalho pra manter.
Eu a sossego com doses de ilusão.
Neosa-rivo-breja.
Três paliativos infalíveis.

Já o corpo...ah...o corpo.
Sempre me entrego.
Eu o banho,o acaricio,o mimo.
Dou-lhe roupas, perfumes, endorfina.
E ainda, ai de mim, exijo que os mais próximos o aprecie, respeite e se possível...lhe encha de prazeres e carícias mil.

Entretanto já não é muito de troca que a mente sobrevive.
Claro que eu a alimento de ideias imundas, livros infames, pensamentos destrutivos.
O meu olhar já se encarrega de transbordar conhecimento todos os dias.
Mas confesso, não a divido. Compartilhar o que tem dentro dela...não faz sentido algum.

Mas aí é que tá.

O questionamento nasceu no momento em que me olhei no espelho.

Lá eu vi que meu corpo é meu amor não correspondido.
Vi imperfeições nos lugares que tanto me dediquei.
Ele não me retribui o carinho diário, o apreço e o cuidado.
Sente fome, come, mas mostra que na verdade eu não deveria alimenta-lo- o preço que se paga é em kilos.

O preço que se paga é revestido em inflamações, indigestões e acnes. O investimento é sempre injusto e pequeno - cobra ele.

Ok. O amor é privação-já me disseram.

Dai nasce o momento em que se olha pra dentro.
Lá eu busco a mente - a solitária mente.
Essa sim, vive tentando me converter,me resgatar de todos os males que eu sempre busquei no impulso.
A mente me adianta o imprevisível, me indica aqueles melhores caminhos, as melhores pessoas.
É dolorosa, eu sei.
Mas ela não me abandona.
E ela que então me olha no espelho e que busca com sinceridade me mostrar o que é o amor.
"Ele mora atrás dos olhos" - ela me diz.

E eu me divido.
Porque a mente e o corpo não se bicam.
Penso logo em acordos, mas o pensar já me distancia do corpo, e quando penso em agir, a ação me distancia da mente.

A vida aqui dentro é um eterno martírio.
Mas é um prazer me afundar nesses delírios todos.
Nessas contradições que me fazem levar o título de humana.

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