segunda-feira, 9 de abril de 2012

Saudosa Elis, Elis querida.

Neste domingo ,ouvi a serra do curral cantar.
Ecoava uma voz familiar por entre as montanhas,embaixo de um céu "azulzin".
Tudo conspirava pra um encontro lindo.
Entrando no parque,um caminho de luz. O som parecia vir lá do alto. Mas o palco tava era ali num canto, num lugar que de forma alguma fazia jus a homenagem que se prestaria.
Aquela voz não cabia lá.A emoção também não.
É a vida ensinando pra gente que o que vai embora é mesmo só o corpo. O som ainda ecoava por entre as montanhas, as sensações tão latentes, mesmo depois de 30 anos sem Elis.
O legado foi pra Maria Rita. Ela pigarreou - eu percebi. A voz parecia entalada, porque dali voz e emoção não davam conta de saírem juntos. Ela cantava,emocionada,com os olhos sempre voltados pra cima.
Um misto de música e prece se fez presente tanto no palco,quanto na platéia. 9 mil pessoinhas envolvidas num corrente de oração e voz.Saudosa Elis, Elis querida.
Quando fechava os olhos,me sentia em outra dimensão. A voz não era da intérprete. A voz que saía da filha não pertencia a ela. Elis tava ali, e o céu foi testemunha.
Eu particularmente gostei foi das olhadelas na partitura. A imensa vontade de fazer jus a cada palavra produzida pela mãe, na entonação exata, no tempo certo...era tudo vontade de não representá-la.O que a define como artista de verdade,na minha opinião. Ela nunca quis tomar o lugar da mãe. Ela nunca quis sequer ser comparada - por mais semelhante na competência e na fisionomia- ela quis ser o tempo todo somente a filha orgulhosa,agradecida,enaltecida.
Em suas vestes brancas, linda, serena, completamente dominada pela emoção, era só luz.
E as bolhinhas de sabão colaboravam pro contexto lúdico.
Ora Maria,ora Rita, ora Filha, ora Elis.
Era tudo feito de alma.

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