sábado, 24 de agosto de 2013

Mais uma dose

Uma dose bastou.
Me despi.
Não quis prever o percurso que meu corpo faria,
ou o estrago que o ato me causaria.

Uma dose bastou.
Quando menos previ,
e quando menos pedi,
senti sua respiração ofegante dentro da minha boca.

Sua língua desvendaria o gozo a qualquer instante.

Já não podia calcular a altura do tombo,
e por fim mergulhei entre seus braços.

Extrapolei no desejo mais do que na bebida.

Assim como você, usei aquela dose como uma bela desculpa
-explicações para o óbvio.

E num gesto igualmente impetuoso, te despi.

Explorei toda parte sua - alcancei o velho propósito de te degustar
(mesmo sabendo do risco que corria de me apropriar do seu gosto)

Usei todas as partes do meu corpo.
Queria que todas elas gravassem na memória os sabores e cheiros que vinham de você.

Como uma personagem abandonada por sua própria consciência,
Gemi alto.
Desejei que seus ouvidos gravassem o timbre da minha voz
(para que não se esquecesse,mesmo "sóbrio")

Despretensiosamente.

Estive a beira da histeria, assim que adormeci ao seu lado.

Secretamente, rezei.

Pedi a Deus uma garrafa - outras doses ( de desculpas)
Se assim fosse necessário,
pra te ter mais uma vez.

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