domingo, 10 de junho de 2012

Doces despedidas

Viver se despedindo - o que consiste a vida.
À espera do que fica, vivemos nos despedindo.
A ilusão que a fé e crença nos traz de que algo permanecerá.
Não.
Mas sim.Continuar crendo é preciso.
Porque a vida não prossegue se não acharmos que construímos algo sólido o bastante,algo concreto o bastante pra permanecer.
Portanto Adeus.
Eu digo adeus aos livros que li,.
Adeus aos meus doces amores,aos meus antigos desejos.
Adeus aos que partem, adeus aos que hão de partir.
Adeus à vida que levava, às idéias que pensava.
À vida imensa.
Aos amigos que desfiz,
Aos antigos protagonistas da minha história.
Adeus às grandes histórias - e as tão pequenas que se foram.
Adeus ao futuro que não viverei - e aos que terei.
Ao infinito: digo Adeus.
Ao re-começo: Adeus.

Eu digo a Deus - Adeus.

E eu prossigo até quando a vida me permitir despedir.
Só desejando que eu não me canse.
Que não vire cansaço o que já é fatídico.
Que eu esteja sempre ali,disposta ao último afago.

Engasgo...mas continuo.

Porque de pedaços eu me construo (fragmentos do que se passa_

E no entanto, e portanto e enfim: vida é uma eterna despedida.
E quero que soe doce (antes que vire melancolia)
Que o que eu escrevo não é doloroso.
É só constatação.

Que fique claro: Não carregarei mágoas,
Não encerrarei a busca
nem viverei do que se foi.

O decreto fica
Que me despedirei de tudo desde o princípio.
E todos os abraços serão sempre os últimos,
E todo medo será desfeito,
E toda palavra será dita.

A porta estará sempre aberta.
Para os belos passageiros.
E hei sempre de acolhê-los (até a sua partida)


Para enfim deixá-los ir,
Docemente.




Nenhum comentário: