terça-feira, 18 de dezembro de 2012


Às vezes na escuridão eu me perco.
Fico questionando a vida,
Os rumos que tomei.
Indago-me, sobretudo, sobre aqueles caminhos que não percorri,
E sobre as vidas que não vivi,
E os porres que não tomei.

A escuridão me traz essa clareza.

Fica nítida a inquietude que mora em mim.
A inconstância dos meus passos,
A incoerência dos meus desejos,
A forma como eu nunca me resolvi.

E é nessas noites que me percebo.
Que noto o quanto de vida ainda mora em mim.
E o quanto de vida deixei cessar
No tempo em que fiquei só a espreita,
Na janela daquele quarto,
Vivenciando o escuro e os efeitos que isso me causa.

Deixarei cessar quando necessário
Talvez assim, na clareza do breu,
Eu finalmente saiba qual novo caminho tomar.
E qual velho rumo hei de escapar,
E qual outra vida hei de viver.

Tudo assim acontecerá
No instante em que a noite chegar
E me calar os passos
E me interromper a voz
E me gritar os olhos
Na mesma velha janela daquele quarto sem luz.